quarta-feira, 30 de março de 2011

Iguais perante a lei - Homofobia

Seus malditos irônicos...

  Hoje a OAB abriu processo contra Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar no argumento da dita "homofobia". É um tanto engraçado ver uma entidade  de tal alçada usando-se de uma de forma tão inconstitucional de nossa cartilha, e com uma ausência gritante de fundamentos. Não vim aqui chamar inconstitucional a proteção (racional, justa, coerente e democrática) ao homossexual, nem defender Bolsonaro, pois  não concordo com o extremismo de alguns dos seus posicionamentos, mas a situação é tão ridícula e há tanto se repete que eu me sinto impelido a exprimir em traços bem claros alguns argumentos.
  O objetivo deste texto não é combater o movimento homossexual, mas a sombra do que vem com as ainda interminadas tentativas da efetivação de leis no cunho da PL122, até porque os jogos judiciais já hoje usados em casos inconcebivelmente banais, mostram o que pode acarretar tal linha de projetos judiciais.

  Tenho colegas e conhecidos homossexuais, e sobre estes afamados trâmites legislativos que vem lhes dizendo respeito eu não tenho o mínimo receio em dizer: chega dessa palhaçada!
  Concordo em gênero, número e grau com o fato de que homossexuais não devem sofrer violência e discriminação perante a sociedade. Quando, porém, esse grupo passar a nutrir privilégios perante a lei, a justiça, imparcial que se diz, fará em si um paradoxo. Como a graduação que tenho em andamento não é "direito", não vou me ater a questões puramente legislativas, mas mais direcionadas às questões lógicas e éticas.

  O objetivo primordial é proteção ao homossexual, e até aí tudo bem. O problema aparece quando se faz condenável a discordância ideológica, completamente desprovida de violência. Mesmo ainda não a PL122 ou outra semelhante efetivada, os ataques por motivos completamente descabidos já se mostram bem presentes. Se eu disser que ser cristão ou ateu é um mau costume, é a minha mera opinião, e ninguém vai me processar por isso (apesar de sempre haverem brechas a serem exploradas na nossa legislação). Se, porém, eu fizer o mesmo comentário em relação à homossexualidade, a mídia me acerta uma "tijolada" e ainda corro o risco de ser preso por "homofobia" (palavra muito mal estruturada em significado para seus fins, inclusive), por apenas portar uma opinião, sem ferir um ser humano sequer.
  Quando vejo uma campanha com a frase "deixe sua religião" (uma campanha em favor do ateísmo), posso ofender-me, pois posso julgá-la um atrapalho a mim e à minha imagem perante a sociedade. Se um ateu ouve alguém citando o conhecido "Jesus, o único caminho", pode julgá-lo um desrespeito às suas ideologias, uma prepotência por parte dos critãos, que pode atrapalhar a sua situação perante a sociedade caso se propague. As frases do ateu e do cristão podem causar o mesmo efeito em um budista, mas nenhum deles vai sofrer um processo por isso. É opinião, é a bendita liberdade de expressão! Vamos agora sair do âmbito da religião: se eu disser "não concordo com homens que usam camisetas verdes" vou ser processado pelo Palmeiras ou o Juventude? Se eu disser que "Não concordo com mulheres que descolorem o cabelo", vou ser processado? "Ah, eu nasci com o cabelo castanho, mas por dentro ou sou uma loira oxigenada, então eu tiro a cor do cabelo". Beleza! Mas tu não vais me processar por isso, vai? Toca a vida, minha amiga! Ouvir uma crítica é um pequenino preço por se viver num país livre. Posso dizer o mesmo, e é um melhor exemplo, de alguém que se submete a cirurgias plásticas.
  Se um casal heterossexual está na mesma roda de conversa que eu e de repente se agarra aos amassos em minha frente, eu posso considerar e expressar que isso é "falta de educação" (e considero mesmo). Se o casal for homossexual, jaz aí um argumento pra me por atrás das grades. Isso não tem nada de imparcial e nada de ético. É uma tremenda injustiça.
  Parafraseando meu pai, "ninguém sofreu mais discriminação que os 'assembleianos', no Brasil". De fato eles sofreram, mas não buscaram brechas aqui e ali pra sustentarem suas lamúrias. Foram ofendidos, apanharam, foram discriminados, e hoje estão aí, firmes e fortes e exibindo grandes nomes em âmbito nacional, nas mais diversas áreas.

  Me adentrando mais no assunto da lei referente à "homofobia", já vi gente enfrentando problemas na justiça por dizer que homossexualidade "não é normal". Bolas, claro que não é! E isso não é nenhuma injúria! O que não fizer parte da maioria, não é o "normal".
  Um exemplo: o DNA humano possui "normalmente" dois cromossomos "21", uma pessoa que possuir três deles, terá a Síndrome de Down, mas aí a pessoa NÃO É NORMAL, só pelo fato de fugir à regra! E nenhum crime e nem problema existe unicamente no fato de alguém não ser "normal".
  Pra ser bem direto, vou parafrasear o Dr. Joseph Nocolosi, fundador e diretor da NARTH (Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade), membro da American Psychological Association, autor de vários livros e artigos científicos. Quando indagado em entrevista sobre se "a homossexualidade é normal", respondeu da seguinte forma:
  "Eu não acho que a homossexualidade seja normal. A população homossexual é em torno de 2%, 1,5%. Estatisticamente, portanto, não é 'normal' no sentido de que é generalizada. Além disso, não é normal nem natural em termos de design, quando falamos do direito natural, bem como o papel do corpo humano. Quando olhamos para o papel do corpo humano, a homossexualidade não é normal. É um sintoma de alguma doença. A normalidade é algo que desempenha um papel de acordo com o projeto real, esse é o conceito de direito natural - e, neste, homossexualidade em conta não pode ser normal, porque as anatomias de dois homens ou duas mulheres não são compatíveis".
  Eu posso dizer que ateísmo é mau costume (que não é o "normal", inclusive), que cristianismo é mau costume, que descolorir o cabelo é um mau costume, que mulheres tingirem o cabelo depois de certa idade é um mau costume (se eu achar triste as idosas não se orgulharem de seus cabelos brancos, um símbolo de experiência e sabedoria em tantas culturas... Pode ser a minha opinião, não?), que fazer cirurgias plásticas é um mau costume (por talvez crer que as pessoas deveriam aceitar a si mesmas como são... Pode ser também a minha opinião, não?), e posso sim dizer que homossexualidade é um mau costume se eu quiser, oras! Vivemos onde? Numa ditadura? Não? Livre pra me expressar eu devo ser, então.

  Filosofias baratas? Vamos voltar às ciências biologicas, então: não, a ciência não comprovou a homossexualidade natal. O Fantástico exibiu três linhas de um artigo imenso e pra variar fez a notícia parecer algo muito distante do que era. E mesmo que o caso fosse, é comprovado (isso sim) o fato de existir um campo no cérebro onde se incutem leis e regras morais naturais, função "instintiva" que serviria para o convívio social. Ali pode existir uma tendência natural nos seres humanos em geral que repele a homossexualidade como um obstáculo à reprodução da espécie - algo plenamente instintivo e natural, repito. Se o argumento das tendências homossexuais naturais servisse, qualquer um poderia usar o argumento das tendências naturais à repulsa à homossexualidade. Falo de questões ideológicas, não de violência, de forma alguma (em favor de violência eu não vou defender nenhum argumento aqui, se é que há algum)! Só estou tentando mostrar o fato de que até esse argumento seria inválido pra fazer valer desses projetos de lei, e o quanto são na verdade incompletos, imorais e corruptos.

  Não odeio homossexuais, odeio a estupidez dessa legislação que combate um erro com um erro maior.
  E assim findo esta indignada postagem.

Ticiano Castoldi

domingo, 27 de março de 2011

O Ortodoxo

Escrito em 18/12/2010
  Fui a Gramado no último fim de semana com o intuito de prestigiar a formatura dos alunos do Projeto A.T.O.S. 2010 e o casamento do meu velho amigo e ex-colega do mesmo curso, o P.J.. Estando em Gramado, fiz o que havia de mais previsível: fui passear no centro e bater umas fotos dos enfeites natalinos; andando pelo centro de Gramado, fiz o que havia de mais previsível: uma visita à livraria; estando na livraria, fiz o que havia de mais previsível: me dirigi à estante dos livros épicos, onde vi o mais novo exemplar advindo dos escritos de Tolkien: "A Lenda de Sigurd & Gudrún"; tendo avistado tal livro, fiz o que havia de mais previsível: comprei-o!
  Passado o fim de semana, ontem (segunda-feira), fui à Lajeado em virtude de uma programação que haveria com a gurizada do curso de história, mas fui bem antes do horário. Na falta de algo melhor, passei no shopping da cidade pra ver se havia algo de interessante pra se fazer por lá (não pense demais... Só há duas coisas interessantes em um sopping: cinema), e parecia não haver. Fui pra lá munido do livro, mas antes de iniciar a leitura, fiz o que havia de mais previsível: a outra coisa interessante em um shopping: uma visita à livraria. :P
  Lá vasculhei quase tudo, e vi uma cena irônica: "G. K. Chesterton - Ortodoxia" na sessão de livros espíritas (pra quem não entendeu o tamanho do equívoco, imagine As Crônicas de Gelo e Fogo numa sessão de livros de culinária ou qualquer coisa assim). Comprei-o só pra tira-lo de lá (claro que não)! É, e também porque sei quem é Chesterton.
  Meu objetivo era guardar no carro o livro e a maleta que levava comigo, e subir só com o "A Lenda de Sigurd & Gudrún" pra lê-lo nos bancos do segundo andar. Olhei, porém, aquele tão simpático livrinho de capa alaranjada e resolvi dar uma vasculhada nas primeiras linhas, só pra ter uma idéia, antes de subir. E o resultado (o que há de mais previsível), vocês já sabem: fiquei naquele carro e naquele estacionamento até a hora de ir embora.
  Ando lendo o livro teológico mais incrível em muito tempo. Nós costumamos ler Lewis, Lewis lia Chesterton, e eu venho entendendo o porquê.

  Somos tão apegados ao previsível, ao costumeiro, ao ortodoxo, que às vezes podemos perder coisas bastante interessantes por uma conveniência aparente. Quem me conhece descobriu os meus passos antes de eu os revelar: Gramado - centro - livraria - épicos - Tolkien - aquisição... :P
  Se por desnecessária determinação eu prezasse por seguir honradamente os planos estabelecidos, estaria lendo Tolkien, como de costume. Mas fugir do costume, me foi proveitoso, no fim das contas.
  Eu nem ia fazer esse ‘link’, mas se talvez o mundo cristão fosse menos apegado a costumes, eu não teria falado ontem com uma menina indignada, que saiu da igreja por justamente enxergar a falta de sentido no que alguns cristãos falam e fazem, e a alienação irracional em que às vezes vivem. Claro, eu tentei explicar que o cristianismo não consiste essencialmente naquilo, que na verdade não há mesmo sentido no cumprimento de uma cartilha de regras sem finalidades concretas e que nem é isso que o cristianismo propõe, que na verdade tudo nele está atrelado ao amor a Deus e aos homens, ao caráter, à transparência, à pureza. Ha princípios que são bem maiores que qualquer legislação, pois não são superficiais e nem carecem de um sentido, mas são fundamentais, claros, inegáveis, benéficos, puros... São até óbvios! A lei é que deve naturalmente estar atrelada e submetida a princípios, e não o contrário.
  Bom... Esse inusitado e imprevisível acontecimento, que foi a minha curta leitura de Chesterton, é que me permitiu clareza na hora de resolver o problema com a moça.
  Pra resumir, meus amigos, “A mente é como um guarda-chuva, funciona bem melhor quando está aberta”. (autoria questionável).

  É isso aí!
Fica a dica de leitura!
Que o Leão esteja com vocês! o/