sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tempo fechado

"Hoje o céu está pesado, vem chegando o temporal"
Trata-se de algo mais engraçado que outros vícios... :P Há um trecho de uma música que resume algo que me cabe hoje dizer:
“Eu não quero te oferecer mais anestesia, porque descobri que na vida é necessário sentir” – Golgotha.

  Bem, não adianta explicar tudo o que se passava na minha cabeça e me fazia às vezes aparentar uma mente mecânica. Era tudo na busca por ser forte, independente... Além de isso eficientemente me enrobustecer, me fazia sentir um cristão melhor, daqueles fortes pra agüentar qualquer golpe que a vida e o mundo pudessem desferir. Um guerreiro genuíno, pelas minhas próprias forças. Aí, num dado momento, eu entendi que toda a essência do cristianismo é o amor – o triste é que isso não incluía só Deus, mas as pessoas também -, e tudo o que a Palavra traz está fundamentado nisso. Essa coisa me soou um tanto “melosa”, não muito característica da minha personalidade ou algo assim, sei lá. Mas se era pra ser bem paladino, eu tinha que criar coragem de ferir o meu orgulho também, e se o Patrão manda, bora! Que dificuldade... - -‘ E é um trabalho incompleto, ainda, diga-se de passagem. X]

  Antes de tudo, quero citar umas criaturas que me auxiliaram nesse processo, e de quebra agradecê-las: em Gramado houve uma larga cooperação indireta de todo o pessoal aqui de casa, do Jerônimo, do pessoal do Janz Team em geral, em especial do Werner, e uma cooperação absolutamente direta dos meus confidentes nessa área e, certamente na lista eterna dos meus melhores amigos, que deram uma mão inacreditável: o P.J. (colega de curso) e a Mai (colega de equipe). Igualmente pertencente a essa lista, ainda em Gramado entrou na jogada ninguém menos que a minha irmã de sangue (diz que não, pra ver!), Nathalia Lobo, que foi quem levou nas costas essa coisa toda de Encantado em diante, e definitivamente merece aqui um destaque.
Depender dos outros é complicado, mas tchê... Além de necessário, gratificante! :]

  Bom, eu tinha meus motivos, e milhares de vantagens. Falar de sentimentos não parece algo feito pra soar lá muito racional, então vamos a uma historinha, que pra mim fez sentido e exemplifica bem as coisas:

  Os sentimentos, o apreço, são como uma chuva forte, que cai constantemente e pra todos.
Mas eu tinha um guarda-chuva! Rá! >P... Furado... - -
Por ele descia um fio d’água, que até me molhava, mas não chegava a incomodar. A chuva não me atrapalhava, não encharcava as minhas roupas - tornando-as pesadas, limitando meus movimentos -, não me atrapalhava a visão, não fazia praticamente nada... Não incomodava, enfim. Ah, que maravilha! “Eu amo meu guarda-chuva”!  xP

  Bem, num belo dia eu percebi que a idéia da chuva era molhar, mesmo. Deus criou a chuva, e se agradava, portanto, dela. Ele a fazia cair sobre as pessoas, e pra isso deveria haver um motivo!
É... Eu, meio contrariado, percebi que mais honrado seria eu me deixar molhar e andar desajeitado feito todo mundo que ficar na segurança daquele bendito treco. Então eu olhei pros lados, e joguei ele no chão.

  “Filha da mãe! Que é isso?” Iueahoiuaehiouhaeo
  Bom, eu me molhei bonito! E foi meio frustrante. A chuva começou a me atrapalhar a visão, minhas roupas encharcaram, ficou mais difícil de andar... Te contar... Que inútil!
  Na verdade, isso é relativo. Tudo depende da forma de como vemos a situação.
  Você pode fugir da chuva, se livrar dos incômodos que ela traz. Mas quem não larga mão de se proteger da água, nunca irá conhecer o prazer de tomar um banho de chuva, de correr na chuva, de... Sei lá... ‘Tomar um sorvete na chuva’ (recomendo!)! :P

  Obviamente tudo é bom de forma equilibrada, não desregrada. Que há? Tem gente que já nasce com a cara na chuva, e às vezes isso também causa problemas (numa dessas eu ainda não vi gente se afogar, mas vai saber)! xP

  O ponto é que hoje eu vejo mais nitidamente que tive mesmo de passar por todo esse processo, e sou muito, muito grato a Deus pela chuva e pelas pessoas que tem aquela técnica ninja de chutar guarda-chuvas de gente meio cabeça-dura.

  Mais uma eu aprendi nessa vida!
Assim encerro meu relato.
Beba com moderação! X}
(mas beba! o/).

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Critérios habituais

"Um navio está seguro no porto, mas não é pra isso que servem os navios"
- William Shedd / Roubado da Nárlea. :P

  Nessas semanas tenho recebido várias menções acerca do assunto “decisões”. Dentre elas, de forma parcial, as pregações dos últimos três cultos.

  Começou quando eu parei pra pensar nessa sina que alguns têm em não tomar decisão alguma e deixar tudo com Deus. Depender de Deus é essencial, mas não desprezemos o fato de que Ele nos dotou de um cérebro e da capacidade de decidir. Olha, cérebro certamente não tem funções estéticas, então pra bonito ele não deve estar aí. Há decisões que meramente cabem a nós, eu acredito, e não creio que Deus jogue “The Sims”, já disse em uma postagem anterior. É aconselhável que se ore pra que Deus nos guie nos nossos rumos. Mas há coisas que são lícitas, e somos livres pra tê-las, para buscá-las. Deus não vai te dizer se amanhã tu deves fazer batata frita ou macarrão no almoço... Te vira, homem!
  Mas há outras questões pras quais acabei me direcionando, essas voltadas às decisões menos corriqueiras, mais críticas.

  Uma delas: percebi com mais nitidez que há mesmo algo que pode destroçar as possibilidades de uma decisão coerente: o enganoso coração do homem. Pois é... E eu cometia um erro: na minha busca por saber a vontade do Patrão, me via por vezes usando como critério o "sentir paz", o que é às vezes uma tremenda burrada (assusta a colocação? É, eu sei que não é algo muito comum de se ouvir xP).

  "Seja a paz de Cristo o critério em vossos corações". Perfect!
Agora... A paz de Cristo! A tremenda burrada ocorre quando a confundimos com a "nossa própria paz", que confunde-se facilmente com o "nosso conforto".  Um argumento?

  Conhece alguém que sentiu menos paz que Cristo, antes da crucificação, no Getsemani? Pois é, e imagina se não tivesse feito?! Ele tinha acima de tudo uma decisão, ele queria a humanidade! Queria algo, e decidiu por algo. Paz Ele não tinha, só tinha paz na consciência de querer estar disposto primeiro à vontade do Pai. A “paz no coração” não foi um critério. Parece que há momentos em que uma decisão pode e deve sobrepujar a nossa paz, e é a paz nessa decisão que deve ser o critério. Obviamente há a necessidade do cuidado para que essa decisão, por sua vez, não sobrepuje a vontade de Deus para nós, e nem a Sua voz, que inegavelmente existe.
  Abraão, quando levou Isaac ao Monte Carmelo para sacrificá-lo a mando de Deus... Eu não acredito que ele sentia uma paz avassaladora, mas tinha paz na consciência de fazer primeiro a vontade de Deus. Novamente, uma decisão, a de querer a vontade de Deus acima de tudo,  sobrepujou o restante.
  Temos vários outros exemplos: Paulo, Gideão (esse é bom!), Jonas... Especialmente no caso de Jonas (mas não somente nele) percebemos a busca pelo bem-estar, por livrar-se da carga que a difícil empreitada lhe punha nas costas. Por certo sentiria-se tranqüilo, no mínimo aliviado, se Deus o deixasse seguir em sua própria busca por um caminho que não lhe exigisse tanta fé e esforço.

  Tudo o que é difícil nos tira a paz, Cristo que o diga! Tudo o que é de sucesso improvável nos obriga a depender de Deus, exercitar coisinhas complicadas como fé e renúncias, e a idéia geralmente causa desconforto, sejamos sinceros.
Mas nem tudo o que gera desconforto é contrário à vontade de Deus. O desconforto é até uma ferramenta de crescimento, em grande parte das vezes!
  Deus não mima, tchê! Se nos mimasse, seu amor seria menor, como disse Lewis, em outras palavras.

  Há uma missão, há dificuldades, estamos em guerra. Deus cria leões, que sabem ser mansos e alegres, mas sabem enfrentar as hienas. Não cria filhos para que ajam feito antílopes saltitantes numa pastagem farta cheia de córregos. Faça-me o favor, eu tenho mais o que fazer... xP

  Bem, é um assunto complicado, eu sei bem.
Mas como? Sentir paz! Os crentes batem tanto nessa tecla! "Sinto paz nisso", "Não senti paz naquilo". Tudo bem! E muitas vezes é imprudência não levar isso em consideração. Mas só com a plena consciência da fonte dessa paz, capicci? Quando a paz estiver escorada em nosso conforto, é bom no mínimo parar pra pensar. É claro que o nosso bem-estar pode fazer parte do pacote! Deus não é nenhum carrasco! :P, Mas repito, é bom parar pra pensar.

  Dane-se o conforto, dane-se! Às vezes a gente pensa ter aprendido uma lição, e cai no mesmo erro em um tempo tão curto que chega a envergonhar.

  O cristianismo não é um mar de rosas, é um campo de batalha. Procure um mar de rosas e talvez tu encontre e tenha aquela vida bonitinha, mas conviva com a consciência de que tu és um cristão medíocre!

  Bem, eu não tenho respostas, nem soluções, mas foi algo no qual eu me vi prestando muita atenção, e creio que tenha sido produtivo. Em virtude não ser algo tão ortodoxo, tenho um certo receio de expor meus devaneios, mas faz parte da vida. :P

É isso aí! Deixem suas observações aí em baixo!
:]
Fiquem com Deus! o/