domingo, 27 de março de 2011

O Ortodoxo

Escrito em 18/12/2010
  Fui a Gramado no último fim de semana com o intuito de prestigiar a formatura dos alunos do Projeto A.T.O.S. 2010 e o casamento do meu velho amigo e ex-colega do mesmo curso, o P.J.. Estando em Gramado, fiz o que havia de mais previsível: fui passear no centro e bater umas fotos dos enfeites natalinos; andando pelo centro de Gramado, fiz o que havia de mais previsível: uma visita à livraria; estando na livraria, fiz o que havia de mais previsível: me dirigi à estante dos livros épicos, onde vi o mais novo exemplar advindo dos escritos de Tolkien: "A Lenda de Sigurd & Gudrún"; tendo avistado tal livro, fiz o que havia de mais previsível: comprei-o!
  Passado o fim de semana, ontem (segunda-feira), fui à Lajeado em virtude de uma programação que haveria com a gurizada do curso de história, mas fui bem antes do horário. Na falta de algo melhor, passei no shopping da cidade pra ver se havia algo de interessante pra se fazer por lá (não pense demais... Só há duas coisas interessantes em um sopping: cinema), e parecia não haver. Fui pra lá munido do livro, mas antes de iniciar a leitura, fiz o que havia de mais previsível: a outra coisa interessante em um shopping: uma visita à livraria. :P
  Lá vasculhei quase tudo, e vi uma cena irônica: "G. K. Chesterton - Ortodoxia" na sessão de livros espíritas (pra quem não entendeu o tamanho do equívoco, imagine As Crônicas de Gelo e Fogo numa sessão de livros de culinária ou qualquer coisa assim). Comprei-o só pra tira-lo de lá (claro que não)! É, e também porque sei quem é Chesterton.
  Meu objetivo era guardar no carro o livro e a maleta que levava comigo, e subir só com o "A Lenda de Sigurd & Gudrún" pra lê-lo nos bancos do segundo andar. Olhei, porém, aquele tão simpático livrinho de capa alaranjada e resolvi dar uma vasculhada nas primeiras linhas, só pra ter uma idéia, antes de subir. E o resultado (o que há de mais previsível), vocês já sabem: fiquei naquele carro e naquele estacionamento até a hora de ir embora.
  Ando lendo o livro teológico mais incrível em muito tempo. Nós costumamos ler Lewis, Lewis lia Chesterton, e eu venho entendendo o porquê.

  Somos tão apegados ao previsível, ao costumeiro, ao ortodoxo, que às vezes podemos perder coisas bastante interessantes por uma conveniência aparente. Quem me conhece descobriu os meus passos antes de eu os revelar: Gramado - centro - livraria - épicos - Tolkien - aquisição... :P
  Se por desnecessária determinação eu prezasse por seguir honradamente os planos estabelecidos, estaria lendo Tolkien, como de costume. Mas fugir do costume, me foi proveitoso, no fim das contas.
  Eu nem ia fazer esse ‘link’, mas se talvez o mundo cristão fosse menos apegado a costumes, eu não teria falado ontem com uma menina indignada, que saiu da igreja por justamente enxergar a falta de sentido no que alguns cristãos falam e fazem, e a alienação irracional em que às vezes vivem. Claro, eu tentei explicar que o cristianismo não consiste essencialmente naquilo, que na verdade não há mesmo sentido no cumprimento de uma cartilha de regras sem finalidades concretas e que nem é isso que o cristianismo propõe, que na verdade tudo nele está atrelado ao amor a Deus e aos homens, ao caráter, à transparência, à pureza. Ha princípios que são bem maiores que qualquer legislação, pois não são superficiais e nem carecem de um sentido, mas são fundamentais, claros, inegáveis, benéficos, puros... São até óbvios! A lei é que deve naturalmente estar atrelada e submetida a princípios, e não o contrário.
  Bom... Esse inusitado e imprevisível acontecimento, que foi a minha curta leitura de Chesterton, é que me permitiu clareza na hora de resolver o problema com a moça.
  Pra resumir, meus amigos, “A mente é como um guarda-chuva, funciona bem melhor quando está aberta”. (autoria questionável).

  É isso aí!
Fica a dica de leitura!
Que o Leão esteja com vocês! o/

Um comentário:

  1. ei, eu gostei da relação que tu fez, do texto simples e objetivo! Me ajudou a refletir em coisas que a muito tempo eu não pensava.. (sobre o prazer que comprar um bom livro, talvez :P) Acho que teu "link" daria até outro post de tanto conteúdo, essa questão da igreja tá virando uma coisa nojenta, desprezível, tá todo mundo na "zona de conforto" né? Tem que ter agir de Deus, não tem jeito..

    tu é bom, já te disse, não para de escrever, não!

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