O objetivo era, partindo desse título, desenvolver um texto para a disciplina de "Arqueologia e Pré-História". Um fator a ser considerado: superficialidade inevitável.
É uma lauda, ou seja, eu tive que falar de um assunto absurdamente gigante em apenas uma página (claro que reclamei com a porfessora, oras! :P).
Pensei ser legal postar o texto e, apesar da superficialidade, da pra com ele ter alguma noção das coisas, eu creio. Buenas, lá vai:
Seria Deus um evolucionista?
Não creio que uma divindade criadora onipotente (como o deus cristão, do qual vou falar, por ser o único do qual tenho conhecimento suficiente pra argumentar com alguma coerência) seja algo tão simplório que uma tradição religiosa de homens imperfeitos possa definir com exatidão. A tradição da igreja cristã, por irônico que pareça, tem sido um meio deturpador da idéia passada pelo cristianismo em vários aspectos. Um bom exemplo é o de Galileu, que recebeu uma dura oposição da igreja ao afirmar que a Terra era redonda, tendo jamais a Bíblia afirmado o contrário, possuindo até uma afirmação bastante curiosa a esse respeito em Is.40:22, que nada prova nesse sentido, mas já seria motivo para o clero reconsiderar a idéia, se agisse com seriedade. Outro exemplo é a dura oposição que há até hoje em relação à idade da Terra, sendo que Gênesis deixa claro que a Terra já existia antes da dita “criação”, mas que antes desta, ela era “sem forma e vazia”. Nem mesmo o geocentrismo tem fundamento bíblico, sendo puramente cultural.
Não há dúvidas em praticamente qualquer linha séria do cristianismo de que a criação não foi uma simples “mágica”, mas uma construção que exibe descaradamente o intelecto do Criador, o uso da imensurável capacidade inventiva, lógica e matemática do mesmo. Existe uma teoria, em meio a tantas conhecidas, chamada “evolucionismo teísta”, cuja idéia é conciliar de forma harmônica as idéias de “Evolução” e “Deus”, visto que de fato a Bíblia abre brechas para essa interpretação. Ela sustenta a idéia de que a evolução ocorreu e de que os dias da criação foram provavelmente eras (considerando que o capítulo da criação é um poema, muito provavelmente portando figurações, como vários outros trechos bíblicos portam), mas que houve um criador que fez da Terra esse lugar perfeitamente estruturado para sustentar a vida, vida esta que no início Ele criou, guiando-a em sua evolução através do tempo, formando lentamente essa obra de arte, de certa forma ainda em construção. Essa teoria não é apenas seguida por cristãos inconformados com habitual o modo simplista de se conceber a Criação em seu meio, mas por muitos evolucionistas como uma forma de conciliar a evolução aos fatos inexplicáveis do ponto de vista ateísta, como o design inteligente.
Essa teoria não é tão aceita, porém, pela grande maioria dos cristãos, que mesmo no meio científico tendem a aceitar melhor outra linha de argumentos e estudos, que defendem um universo jovem. Dentro dessa teoria, na maioria dos meios, não se nega a micro-evolução, nem sequer a evolução das espécies a partir de espécies originais, mas não regride além destas originais (um felídeo original, um eqüino original, etc.), que é o que se argumenta ter ocorrido partindo da conhecida Arca de Noé, envolvendo assim o milagre da evolução controlada, que na verdade se teria feito bem mais rapidamente que a concepção evolucionista habitual prega. Quanto ao homem, porém, diz-se do fato de a sua criação ter ocorrido do pó da terra, sendo ele nada antes de tornar-se homem completo. Do ponto de vista científico, essa linha de pensamento apóia-se, entre outros, nos seguintes argumentos: a imprecisão da datação através do carbono 14, devido à sua forma de cálculo com um número de zeros estipulado, e não calculado; o fato de o universo ter ainda lugares mais quentes outros, realidade que, segundo a lei da termodinâmica, jamais duraria bilhões de anos; o fato de só encontrarmos fragmentos de meteoritos nas camadas geologias mais elevadas; o campo magnético da Terra, que comprovadamente vem decrescendo e, nesse ritmo constatado no último século, a vida segundo a conhecemos seria impossível há provavelmente menos de 20.000 anos; a diminuição gradativa do Sol, que em bem menos de milhões de anos atrás impossibilitaria qualquer vida animal ou vegetal na terra devido ao calor excessivo, etc. Esses argumentos não são comportados pelo evolucionismo teísta, obviamente.
Portanto, partindo do pressuposto da existência de Deus, o evolucionismo ainda pode, sim, ser real e, apesar de argumentos contrários, inegavelmente existem os que o sustentam. Porém, existem argumentos que, nesse mesmo âmbito de visão, defendem a idéia de um Deus autor de uma criação mais jovem e, portanto, descartando essa evolução em sua visão mais plena (de uma forma de vida monocelular original dar origem aos organismos altamente complexos que hoje conhecemos). Não há como, é claro, responder a pergunta do título, mas para o sim e para o não, existem teses, teorias, tendências e por aí vai, e são elas que fazem do assunto algo tão complexo e interessante, independentemente de termos respostas a tudo ou não.
Ticiano Castoldi