terça-feira, 3 de maio de 2011

A Mente Aberta

   Mente aberta... Esta é quase sempre uma virtude (O Ortodoxo). Mas veja bem, nem tudo é questionável! Uma "mente aberta" do jeito errado pode causar um estrago imenso. Esse é o grande problema que tem assolado a cabeça dos moderninhos: a mente que se abriu ao mundo debaixo dos critérios errados.
  As pessoas agem como se a civilização do século XXI fosse a única, como se suas ideologias fossem inquestionáveis e sua forma de ver o mundo a mais correta. Sinceramente, quem garante? Um dia, diante de uma situação específica, alguém me disse: "Credo, tu vem de quando? Do século passado? Cruzes!". Ah, perdão! Eu esqueci que a mim qualquer bizarrice e falta de educação por parte dos outros deve parecer bonitinha, se não, não tô na moda. E outra: quem disse que o século passado era em todos os aspectos ideologicamente inferior? Só porque é o que te dizem, não quer dizer que o seja!
  O passado é quase sempre usado como sinônimo de opressão e de pensamento limitado, e o século XXI como sinônimo de uma nova era, a era da liberdade individual. Tchê! E quer que eu olhe e ache bonito ele ser usado como argumento pra libertinagem, também? Todo movimento gera um contra-movimento. Não sou só eu quem fala!
  Uma expressão que me dói nos ouvidos é essa do "não existe uma verdade, existem várias verdades". Não. Existe uma verdade acerca da qual surgem várias opiniões (ou teorias, tanto faz). Aquela velha história: o fato de uns acreditarem em Deus, outros em Buda, outros em Odin, outros no raio que o parta, não quer dizer que após a morte se vão encontrar todas as divindades pra fazer todas as pessoinhas felizes! Por lógica, ou se encontra algo específico, ou nada. Eu até entendo a intenção da frase, mas em última instância, ela está errada. O que idéias como essa tem gerado é um conformismo absurdo, onde nada pode ser apontado, nada pode ser combatido, tudo pode ser visto com olhos que transpassam o óbvio. E tudo o que antes se tinha por bom, se faz questionável.
  Existem atitudes que são inegavelmente saudáveis, existem princípios bem fundamentados que não sem motivo haviam sido estabelecidos (apesar de não todos, obviamente). Quando tudo se torna questionável, nós perdemos a noção de certo e errado, e tudo passa a se fazer lícito. Hoje ninguém pode simplesmente apontar um erro sem por alguém ser taxado preconceituoso ou prepotente!
  Um estuprador, coitadinho, teve uma vida difícil, tem traumas, sofreu bulling! Um pedófilo, coitadinho, não escolheu ter essa opção sexual, não faz por maldade! Acredite, eu me deparo seguidamente com argumentos semelhantes.
  As estatísticas apontam que de fato não dar muita trela pra esses questionamentos sem fundamento, em outros tempos mantinha as nossas mulheres e crianças mais seguras. Pra se ter uma idéia, a Bahia vem apresentando um crescimento anual assustador nos casos de estupro. Só de 2009 para 2010 houve um aumento de 31,6% (dados estatísticos CEDEP)! E o caso da Bahia não é isolado, o país inteiro vem sofrendo um aumento crítico das ocorrências do crime, inclusive em número de vítimas infantis.
  Quando princípios são banalizados, bons costumes abandonados e a moralidade vista como assunto sem prioridade, eu vejo profundamente essa "mente aberta" com a mesma conotação de um "cérebro exposto" por um traumatismo; uma “mente” aberta por uma pedrada. Ao menos se faz tão confiável e sóbria quanto. E essa pedrada ideológica é mais uma “dádiva” do nosso século.
  Num mundo sem consciência de limites, feito as crianças que estamos criando, o resultado natural é o caos, e parece que é o que deve ocorrer para que se retomem conceitos esquecidos.
  Não tenho em foco o vazio objetivo de defender o século passado, creio que tenha ficado claro. Mas é visível que características valiosas da sociedade vêm se perdendo, e eu creio que é no mínimo imprudente  a crença de que ter uma “mente aberta” implica em jogar fora tudo o que foi construído até aqui.

Leia mais sobre o assunto: "Antigamente, meus pequenos..." 07-12-2010.

2 comentários:

  1. Muito bom!
    O que me veio na mente ao ler isso é que: se tudo é questionável e não existe o "errado", os instintos bestiais acabarão sendo conduta bem mais presente do que a moral. Para fazer o que é certo, muitas vezes temos de nos disciplinar, é difícil. Agora, fazer besteira é muito mais fácil, basta deixar a natureza humana tomar a frente. Quando o que é certo não é mais valorizado, o caminho mais fácil será, cada vez mais, uma vereda atrativa para a massa.

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  2. Parabéns Ticiano!
    Excelente teu texto!
    se fosse no Twitter eu dava RT!
    hahaha

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