Todas as atitudes que tomamos cooperam para a construção do nosso futuro. Nós agora formamos os alicerces do que vai ser a nossa vida adulta e a velhice, querendo ou não. A tendência, sei por mim, é buscar conforto momentâneo, fazer o mais fácil, prezar pela simples e acolhedora tranqüilidade e dispensar quaisquer comprometimentos. Quem leva esses fatores a cabo depende inevitavelmente de “sorte” para se dar bem – um vagabundo, pra resumir. Sempre há, porém os que não agem pelo impulso do bem-estar momentâneo, mas pelo que lhes será acréscimo posteriormente. Quem pretende se dar bem mais tarde, deve zelar por isso no agora, não é segredo.
Convenhamos, às vezes é preciso ser forte pra desprezar as facilidades do agora em prol do incerto futuro. Todos nós queremos ser fortes, eu presumo, pois alguém que considere sê-lo algo banal, por certo tem dentro de si algo muito fora do lugar. Eu poderia falar de comodismo, mas a questão hoje é: o que é ser forte?
Eu só consigo, nesse âmbito, dividir o complexo ser humano em três grupos básicos: os fracos, os fortes e os fortes de verdade (pode ser engraçado, mas não achei nenhuma definição melhor X] )
O fraco não luta, cede quando sob pressão, se deixa ser manipulado. Ele não se impõe ou só se impõe o suficiente pra não ser incomodado. Dificilmente ele vai ser um cristão de verdade e, se for, não durará muito. Como dizia Lewis: “se você quer uma religião na qual se sinta confortável, eu não lhe recomendo o cristianismo”, por si só esse argumento já esclarece as coisas. É mais confortável ceder às pressões, desistir, parar de lutar consigo mesmo - que é algo a que o cristianismo inevitavelmente leva. Um indivíduo assim, exceto que o faça apenas em aparência, só poderia seguir a fé cristã mudando atitude, visto que isso exigiria perseverança e, portanto, peleia. >P
Vamos ao segundo grupo: o forte. Ele é forte, deveras, luta pelo que quer e não guia a própria vida por confortos momentâneos. Sabe que às vezes precisará administrar o tempo e investi-lo em prioridades, não apenas com o que lhe agrada. Não se abala com facilidade, sabe resistir e ser útil mesmo nas “tempestades” e tem forças pra ajudar alguém mesmo quando ele é quem deveria ser ajudado. Aprendeu a ser forte durante a vida, e luta por auto-suficiência (eis o problema). É forte, mas forte por si mesmo. Pode ser incrivelmente resistente a pressões externas e internas, mas pouco proveito terá disso tudo. No fim das contas, nenhum proveito, sendo mais direto.
Pra complementar vou fugir um pouco do centro do assunto: há um trecho de uma pajada de Jayme Caetano Braun (“Cemitério de Campanha”) que diz o seguinte:
“mas que importa a diferença
entre uma cruz falquejada
e a tumba marmorizada
de quem viveu na opulência?
Que importa a cruz da indigência
A quem já não vive mais,
se somos todos iguais
depois que finda a existência?”
E é verdade. Que importa a um ser humano ser rico ou pobre, fraco ou forte, que seja, no fim das contas? Que recompensa um ser humano tem por si mesmo depois de morrer, pelo que foi ou pelo que fez? E, seguindo o assunto tratado, de que adianta ter sido forte, por exemplo?
Eu não falei do terceiro grupo, o “forte de verdade”. Por que o defini assim?
Forte de verdade é o auto-suficiênte, aquele que já não precisa de ajuda alheia, é o que o forte queria ser (a tá... >P).
2Co 12:10 – O forte de verdade, por irônico que pareça, é forte o suficiente pra admitir que é fraco - e às vezes é mesmo necessária força para fazê-lo. Ele admite a sua fraqueza, a sua incapacidade, e o que o torna forte, até o ponto de sentir prazer em situações de fato difíceis, é justamente uma força que não é sua.
Rm 15:1-3 – O forte de verdade não busca só o próprio bem, mas busca o bem dos outros, dos menos capazes, inclusive.
Rm 11:36 – O forte de verdade dedica tudo àquele a quem é subordinado. Não espera glória, oferece toda a glória que poderia ganhar, e isso não é fácil, não é pra fracos.
1Co 6:12 - O forte de verdade é capaz de desprezar o prazer e de sair da sua zona de conforto por algo maior, por algo que os seus iguais podem não compreender. Ele sabe que vai ser chamado de louco, que pode ser açoitado pelo que busca, mas é capaz passar por todas as provações, e possivelmente com alegria, por ter acesso a um amor maior que tudo, a algo que lhe dá forças, forças que, digo novamente, não são suas!
Sl 27.1; 28.7-8 – O essencial já se pôde ver, é basicamente depender de uma força alheia, e no caso não uma qualquer. Ter o criador do universo do seu lado por certo o faz mais forte que qualquer forte que o seja por forças humanas.
Nós temos o exemplo de Davi, autor dos salmos citados acima. Humanamente não era lá muita coisa, mas confiou e dependeu de Deus, e derrubou um cara que nem mesmo os soldados profissionais ousaram enfrentar. Um rapaz comum, sequer aparentando potencial militar, fez do seu povo o mais temido e respeitado entre todos. Como? Ao seu lado ele tinha simplesmente o criador e senhor de toda a Terra. A supremacia era um resultado quase óbvio, não?! :P
Mas é bom lembrar que fortes de verdade fraquejam também, e isso não os torna fracos. Gideão é um desses casos (Jz 6:10-16), Sansão sem dúvidas também o é, bem como Davi, sabemos bem.
Na nossa vida, em todos o meios e em todos os aspectos, podemos ser bem-sucedidos e fazer uma grande diferença, podemos salvar vidas e vencer guerras como Davi, Gideão, além de todos os demais juízes de Israel. Podemos mudar as coisas, ser luz, ser vida como todos esses foram, como também foram Paulo, Pedro e todos os demais apóstolos. E como Jesus, por que não? Afinal Ele é o alvo e a imagem do que, como cristãos, almejamos ser.
Podemos mudar o mundo, mas tudo depende das decisões que tomamos, de como somos, de com que olhos vemos o mundo e de em que ou em quem depositamos a nossa confiança, o nosso tempo e a nossa existência, por fim.
Não é pra fracos, né?! Mas tchê, vale a pena! :P